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Em toda consulta pergunto para meus pacientes a quantidade média de líquidos que ingerem durante um dia, mesmo eu já sabendo a resposta antes de responderem. Na enorme maioria das vezes é uma quantidade muito baixa, e muitas vezes afirmam que só bebem em último caso ou com remédios.
Porque uma coisa tão simples como beber água é tão difícil para uma pessoa de mais idade ? Com a idade, temos uma mudança no cérebro que leva a uma menor percepção da sede. Por isso, o idoso tem que “forçar” mesmo para beber a quantidade suficiente durante o dia, que para uma pessoa de 70 kg é em média de 2 litros.
O engraçado é que, a simples idéia de ter que tomar 8 copos de 250 ml por dia é rechaçada de pronto, é tida como um absurdo inatingível. Por isso sugiro que tome meio copo desses de requeijão, de hora em hora, pois dá no mesmo. Assim, a pessoa não percebe que está tomando uma boa quantidade. Outra coisa: pelo menos metade do líquido que uma pessoa deve ingerir por dia deve ser de água, o restante pode ser de outros alimentos, como sucos, chá, leite ou gelatina.
O processo natural de envelhecimento leva a diminuição de tecido muscular (a massa magra) e aumento do tecido gorduroso. Portanto, mesmo que uma pessoa de 70 anos aparentemente não seja obesa, ela tem mais gordura do que músculo. Acontece que o tecido muscular retém mais líquido do que o gorduroso, o que faz com que o indivíduo mais idoso seja praticamente um “desidratado crônico”. Viver nessa situação limítrofe ocasiona mais facilidade para sofrer os efeitos nocivos de uma situação de perda de líquido, como uma diarréia, excesso de sudorese em tempos de mais calor, maior suscetibilidade aos efeitos de diuréticos, bem como da falta crônica de ingesta de líquidos.
A falta de líquidos pode acarretar, entre outros, desidratação, problemas renais, quedas, hipotensão postural (aquela tontura que se sente ao levantar da cadeira), diminuição da urina, obstipação intestinal , aumento do nível no sangue de determinadas medicações e quadros de confusão mental aguda, muitíssimos frequentes no idoso e com gravidade variável, frequentemente levando à internação.
Realmente, é impressionante como um hábito tão simples como esse pode prevenir e solucionar tantos problemas potencialmente graves. Portanto, vamos prestar mais atenção.
Geriatria – Dr Roberto M. Betito
http://geriatriafacil.com.br